terça-feira, 1 de julho de 2008

“CRIL sim, assim não”

Moradores concentrados no bairro de Santa Cruz








Comissões de moradores voltaram a manifestar-se ontem contra o projecto de conclusão do último troço da CRIL. Dezenas de moradores do bairro de Santa Cruz, Lisboa, que contestam o traçado do último troço da CRIL, concentraram-se ontem de manhã, em protesto, junto a uma moradia que tinha demolição marcada para permitir a continuação das obras. A casa acabou mesmo por ir abaixo, mas os moradores garantem que a manifestação impediu a demolição total de uma segunda moradia. “Apercebemo-nos de que ia haver demolições e subimos ao telhado da moradia”, disse ao METRO Jorge Alves, da comissão de moradores de Santa Cruz. “As demolições foram feitas sem avisar os moradores e sem indicações no local”, acrescentou.
Concentrados em frente à casa, situada na Rua Comandante Augusto Cardoso, os manifestantes envergaram t-shirts onde se podia ler “CRIL sim, assim não” e gritaram “assassinos”, argumentando que o traçado da estrada será perigoso e poderá causar mortes. Segundo Jorge Alves, as comissões de moradores de Santa Cruz e da Damaia estão a preparar uma lista com os nomes dos signatários do actual projecto da CRIL, responsabilizando-os por qualquer acidente que venha a acontecer na estrada. “O traçado é uma nódoa. Viola a Declaração de Impacte Ambiental, todos os partidos da Assembleia da República, à excepção do do Governo [PS], nos dão razão, e não há projecto de execução. É um projecto rodoviário criminoso”, acusou. Fátima Cardina, da comissão de moradores da Damaia, afirmou também que não existem autorizações para a demolição no local e que, como tal, a demolição não está autorizada. “Não há um cartaz informativo, não há nada que se possa identificar. Estamos perante uma demolição e não existe nenhuma informação de que ele vá ocorrer”, disse.
José Luís Faleiro, coordenador da empreitada do IC17/CRIL, a cargo da Estradas de Portugal, desmentiu esta informação, indicando que existe autorização para a demolição. Francisco Salpico, engenheiro civil responsável pelo estudo do Observatório de Segurança das Estradas e Cidades (OSEC), salientou que “o projecto de execução é profundamente defeituoso porque não respeita nenhum critério de segurança” e afirmou que “não é possível garantir a segurança rodoviária com este traçado, que vai ser a causa de muita sinistralidade”.

Metro / Lusa
Fotos: João Cláudio Fernandes

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