segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

LNEC nega pedido do Governo para legalizar a Violação da Declaração de Impacte Ambiental


A Comissão de Moradores teve acesso ao "Parecer Confidencial do LNEC",  no qual o LNEC não só não satifaz o pedido do Governo no sentido de alterar a Declaração de Impacte Ambiental, como também nesse mesmo parecer o LNEC critica as soluções projectuais iguais aquela que se encontra em execução na zona de Santa Cruz de Benfica / Damaia, por as mesmas terem impactes graves nas populações. 
Veja no link 
http://www.cril-segura.com/tentativa_legalizar_dia.html
o ofício do Governo a pedir a alteração da DIA e o "Parecer Confidencial do LNEC".
É lamentável que o Governo se sirva da imagem de credibilidade do LNEC para tentar legalizar um projecto, que é um mau projecto rodoviário, é ilegal, não serve o Interesse Público e afecta de forma grave as populações.
Todo este processo do último troço da CRIL tem incorrido em inumeras irregularidades e ilegalidades, tendo as mesmas sido comunicadas em detalhe à Comissão de Obras Públicas do Parlamento, que após análise da informação recebida, emitiu um relatório, no qual são colocadas várias questões ao Governo. 
Veja relatório da Comissão de Obras Públicas 
http://www.cril-segura.com/peticao2008-.pdf 
É lamentável que perante todos estes factos que comprovam a ilegalidade deste projecto, o Sr. Procurador Geral da República não tenha até ao momento tomado uma posição em defesa do Interesse Público e dos Cidadãos.
Será que o facto desta obra ser uma bandeira eleitoral deste Governo, é motivo para se sobrepôr ao Estado de Direito?

Pela Comissão de Moradores

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

RISCO IMINENTE DE INUNDAÇÕES PROVOCADO PELA INCÚRIA DA EP


 
Não bastando o facto da Estradas de Portugal (EP), no passado dia 9 de Outubro, ter avançado de forma brutal com as demolições sem qualquer aviso prévio, colocando em risco a segurança e os bens dos moradores, em total desrespeito pelo próprio Tribunal (estava a decorrer a audição dos moradores relativamente ao processo de expropriação, no âmbito de uma providência cautelar), vem agora colocar em sério risco de inundação várias habitações da Rua Comandante Augusto Cardoso.
 
Esta situação de risco, deve-se ao facto de após as demolições efectuadas nas traseiras destas 
habitações,  a EP não ter reposto as mesmas condições de segurança, conforme obriga a lei.
No sítio onde anteriormente se encontravam muros de betão com capacidade para suster a água das chuvas, agora encontram-se simples vedações metálicas sem qualquer capacidade de retenção das águas.
 
É de referir que estas habitações se encontram a uma cota mais baixa em relação ao terreno (cerca de 1,5m a 3m).
A agravar esta situação de risco, para além do entulho amontoado a EP deixou enormes buracos e uma vala junto às habitações sem qualquer tipo de escoamento para as águas da chuva (veja-se fotos anexas).
 
Gostava de salientar que desde o dia em que ocorreram as demolições (9 de Outubro), temos de forma insistente vindo a alertar os responsáveis da obra no terreno para o risco de inundação, referindo que deviam repôr as mesmas condições de segurança de imediato. Até à data, nada fizeram em resposta a esta situação. 
 
Perante esta situação iminente de risco, criada pela EP, a qual poderá acarretar danos graves e mais sofrimento para os residentes das respectivas habitações, solicitámos a várias entidades (Governo Civil de Lisboa, Protecção Civil, CML e Bombeiros) que tomassem providências, com carácter de urgência, no sentido de acautelar os bens e a segurança destes Cidadãos.
A única resposta que obtivemos foi da Governadora Civil de Lisboa, que remeteu o nosso email para a administração da EP.

Relativamente ao processo brutal de demolições, tipo terceiro mundo, os moradores estão a preparar uma queixa crime contra a EP e a autoridade policial que esteve presente no local, onde serão reportados diversos procedimentos inaceitáveis num Estado de Direito, nomeadamente:
- não ter havido aviso prévio
- ter sido invadida a propriedade privada
- não ter sido acautelada a segurança dos Cidadãos
- não ter sido reposta a segurança das habitações após as demolições (estrutural, roubos, inundações)
- não ter sido respeitada documentação do Tribunal quanto à providência cautelar
- ter sido expropriada área superior à definida pelo Tribunal
- ter havido situações em que os moradores foram empurrados pela polícia dentro da sua propriedade quando exigiam que não fosse expropriada área superior à que estava definida
- não ter sido fornecida qualquer documentação por parte da autoridade e elementos da obra presente
- não ter sido permitida pela autoridade policial que os responsáveis da obra se identificassem
- ...
 
Sabiamos que esta obra de grande importância para a àrea Metropolitana de Lisboa está condicionada ao calendário eleitoral do actual governo, sobrepondo-se ao Interesse Público, mas nunca pensámos que fosse possível este tipo de procedimentos num País em que supostamente vigora o Estado de Direito. 
 
Perante este abuso de poder, e um projecto tão defeituoso, como pode o governo afirmar que este projecto para a "Conclusão da CRIL - Sublanço Buraca / Pontinha" é uma "Via de desenvolvimento e progresso - Caminho do Futuro"?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ESCANDALOSA TENTATIVA DAS ESTRADAS DE PORTUGAL ALTERAREM A DECLARAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL (CRIL)


A Comissão de Moradores de Sta Cruz de Benfica / Damaia ouvida ontem pela Comissão Parlamentar de Obras Públicas denunciou a tentativa escandalosa, por parte das Estradas de Portugal (EP), da alteração da Declaração da Impacte Ambiental (DIA). Entre os diversos documentos apresentados consta o parecer emitido pelo LNEC que não aprovava a alteração da DIA por parte das EP.

Quanto à ”revisão da condicionante da DIA referente “Á implementação da Solução Túnel prevista no projecto de execução para o troço entre o km 0+675 e 1+700”, o LNEC refere que “a APA deverá analisar a necessidade da sua revisão” (Como se pode ler no relatório do Lnec que tivemos acesso).

Foi ainda divulgado aos deputados e jornalistas os factos cronológicos do acontecimento acima descrito:

Processo da tentativa da Legalização da Violação da Declaração de Impacte Ambiental Cronologia do pedido de “Alterações a medidas da DIA no âmbito do projecto do sublanço Buraca – Pontinha do IC 17 – CRIL

16 Janeiro 2008 – EP faz um “Pedido de Alteração da Declaração de Impacte Ambiental” à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) - (Ofício EP nº 338 ref. 86/GAMB de 16 de Janeiro de 2008) – (ver anexo - doc. 1).

25 Janeiro 2008 – SEA envia esse “Pedido de Alteração da Declaração de Impacte Ambiental” à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – Ofício SEA nº 375) – (ver anexo - doc. 2).

6 Março 2008 – APA solicita a elaboração de um parecer ao LNEC contendo: 1 - “A análise da alteração das medidas da DIA...de forma no mínimo equivalente às medidas que constam da DIA”; 2 – “A análise da manutenção dos fundamentos da DIA...” – Ofício APA nº 3126 ref. 118/08/DG – (ver anexo - doc. 3).

Julho 2008 – Parecer Técnico do LNEC – Relatório 279/2008 – “Alterações a medidas da DIA no âmbito do projecto do sublanço Buraca – Pontinha do IC 17 – Circular regional interior de Lisboa” – (ver anexo - doc. 4).

30 de Julho 2008 – APA com base no parecer do LNEC submete à consideração superior proposta de alteração da DIA – Informação 51/08/DG – (ver anexo - doc. 5).

1 de Agosto – Despacho do SEA - “Alteração à Declaração de Impacte Ambiental (DIA)” – (ver anexo - doc. 6).

Doc. 4 - Parecer técnico do LNEC

Julho 2008 – Parecer Técnico do LNEC – Relatório 279/2008 – “Alterações a medidas da DIA no âmbito do projecto do sublanço Buraca – Pontinha do IC 17 – Circular regional interior de Lisboa” – doc. 4.Com base no ofício da EP (Ofício 86/GAMB, nº 338, 14 de Janeiro de 2008), o LNEC analisa e propôe a alteração das medidas directamente ligadas com o Aqueduto das Águas Livres (medidas 66, 67, 74, 75, e 77 a 85 inclusivé), e das medidas 32 e 37 relacionadas com a qualidade do ar e o ruído.Quanto à ”revisão da condicionante da DIA referente “Á implementação da Solução Túnel prevista no projecto de execução para o troço entre o km 0+675 e 1+700”, o LNEC refere que “a APA deverá analisar a necessidade da sua revisão” (pág.12).Relativamente à comparação das duas soluções túnel (projecto 2004 e o actual), no que respeita ao ruído e à qualidade do ar, o LNEC afirma não lhe terem sido fornecidos estudos que lhe permitam uma avaliação detalhada, no entanto emite várias considerações:- “O prolongamento do túnel permite potencialmente evitar o contacto do ambiente exterior com as fontes de poluição no interior do túnel nos troços cobertos, mas pode gerar fontes de poluição mais intensas nos emboquilhamentos e outras aberturas para o exterior” (pág. 6);
- “As vantagens e desvantagens de cada uma destas concepções” (solução 2004 e a actual) “depende do afastamento das aberturas relativamente a locais públicos e a construções vizinhas.” (pág. 7);- “a concepção de 2004, na zona do viaduto, permitiria uma dispersão mais fácil dos poluentes, enquanto a solução de 2006 reduz o nível de poluentes em todos os troços totalmente cobertos e aumenta as suas concentrações na proximidade das aberturas” (pág. 7);- “...deverá ser evidenciado que a ventilação e o controlo de fumo no túnel...com base nas previsíveis emissões de poluentes e escoamentos quer em situação de utilização corrente, quer em situação de acidente...que estas não põem em causa a salubridade e segurança de pessoas em construções vizinhas ou nos espaços públicos envolventes” (pág. 7);- “... o escoamento do fumo no exterior não deve pôr em causa a segurança dos ocupantes das construções vizinhas” (doc. 4 / pág. 7);- ”A CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa), como grande infra-estrutura rodoviária que se perspectiva ser, devido ao caudal de tráfego perspectivado, constituir-se-á certamente numa fonte sonora de relevante significado para a afectação da qualidade ambiental da sua envolvente próxima.” (pág. 9);



Foi ainda exposto aos deputados a forma como a EP ontem começou a derrubar e invadir as casas dos moradores. Jorge Alves explicou que o processo ainda decorre em tribunal "o Juiz quer ouvir os moradores e a EP passaram por cima dos tribunais e invadiram e deitaram abaixo os muros, colocando em risco a segurança das pessoas. Em alguns casos foi por milagre que as pessoas não apanharam com as máquinas em cima", afirmou. E deixou aos deputados fotos e testemunham os factos.
Os deputados questionaram ainda a segurança do traçado.
O Juiz Nuno Salpico da OSEC ouvido pela comissão parlamentar explicou a irregularidade técnica do mesmo traçado salientando que estava em jogo a vida humana de muitos os que irão usar a referida estrada. Referiu com perplexidade que "não se entende que um traçado com 4 vias mais 4 vias tenha sinalização (radares ou outros meios) a obrigar os condutores a reduzir de 90 para 70/60 km/h. A velocidade real praticada para este troço será de 110 km/h", afirmou. O Eng. Francisco Salpico, da OSEC, reforçou a ideia que "seria necessário colocar mais sistemas de controlo em todo o percurso da cril, uma vez que já se verifica que a velocidade não é cumprida". E deixou a questão: "Para quê então construir 4 vias de cada lado para depois obrigar os condutores a andarem a 70 km/h?".
Depois de mais alguns esclarecimentos foi garantida à comissão de moradores uma nova audiência com a Comissão Parlamentar das Obras Públicas para mais esclarecimentos após o governo, em debate parlamentar, ser questionado sobre os factos apresentados.


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

(CRIL) - ESTRADAS DE PORTUGAL FAZEM DEMOLIÇÕES SEM CRITÉRIOS DE SEGURANÇA.


O presidente da Comissão de Moradores do Bairro de Santa Cruz de Benfica acusou hoje a Estradas de Portugal, EP de fazer demolições à "terceiro mundo" por não ter avisado os proprietários que as demolições começavam hoje.

O representante dos moradores, Jorge Alves, falava à agência Lusa enquanto uma retroescavadora demolia uma construção localizada no quintal da sua residência e que é um dos 18 logradouros a demolir pela empresa Estradas de Portugal para a construção da CRIL - IC 17.

"A máquina [retroescavadora] chegou de manhã, por volta das 08:30, tocaram à porta das pessoas, há pessoas que não estavam em casa, tinham saído para o trabalho, deram a volta à casa e sem mais nem menos entraram em casa e começaram a demolir mesmo com pessoas em casa. Eu próprio tive que gritar porque tinha a minha mulher dentro da construção que eles iam começar a demolir", contou Jorge Alves à Lusa.

Jorge Alves acusou ainda a Estradas de Portugal de estar a fazer demolições "sem nenhum critério de segurança" e de, no seu caso, não ter respeitado a área expropriada de dois metros decretada pelo tribunal.

Jorge Alves alega que o comportamento da empresa pública se deve ao facto de a CRIL ser uma "bandeira eleitoral do primeiro-ministro José Sócrates", uma vez que o contrato da obra contém uma cláusula de salvaguarda que antecipa a obra de 700 para 670 dias, ou seja um mês, antes das eleições legislativas de 2009.

Segundo Jorge Alves, o troço da CRIL que está a ser construído no Bairro de Santa Cruz "não tem projecto aprovado, é uma completa ilegalidade e não respeita a Declaração de Impacto Ambiental [DIA]".

A Comissão de Moradores do Bairro de Santa Cruz de Benfica vai hoje à comissão parlamentar de Obras Públicas a quem vai informar da "violação da DIA" e da forma como a Estradas de Portugal iniciou hoje as expropriações.

Entretanto, a Estradas de Portugal emitiu um comunicado em que refere ter dado início hoje à "efectivação da posse administrativa das parcelas expropriadas", um conjunto de "18 logradouros" destinado à conclusão do sublanço Buraca/Pontinha da CRIL.

Acrescenta a empresa que "todos os expropriados têm total conhecimento da situação das parcelas em causa e da obrigação legal de as desocuparem de imediato, com vista a permitir a continuidade dos trabalhos da empreitada, em segurança e sem perturbações que provoquem custos acrescidos na execução da obra".

As demolições começaram nos números 11 e 13 da Rua Comandante Augusto Cardoso e vão prolongar-se dos números 55 ao 117.

Texto e Foto: Lusa

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

FALSA DEMAGOGIA OU PURA MENTIRA?

Ontem em declarações à Agência Lusa, Almerindo Marques, Presidente das Estradas de Portugal (EP), afirmava que as acusações de que a Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL) estaria a ser usada como 'bandeira eleitoralista' "não têm qualquer fundamento".
"Este aspecto não tem sido transmitido da melhor forma. O prazo já estava definido quando a obra foi a concurso, para que se terminasse o mais depressa possível, tendo em conta o significado deste troço".
Será falsa demagogia ou pura mentira?

Terá o presidente das EP conhecimento do documento abaixo, do dia 9 de Novembro de 2007 ?
Antecipar a conclusão da obra de Outubro de 2009 para Setembro de 2009, um mês antes das eleições, não será para usá-la como bandeira eleitoralista? Ou terão algum outro objectivo?


terça-feira, 30 de setembro de 2008

CRIL É A BANDEIRA ELEITORAL DO GOVERNO




As comissões de moradores de Benfica, Santa Cruz, Damaia e Alfornelos acusaram ontem (29 Set.) o Governo de estar a utilizar a Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL) como uma "bandeira eleitoralista".
Em causa está o facto do contrato da empreitada antecipar a conclusão da obra para Setembro de 2009, acusaram os elementos das comissões de moradores, que falaram à imprensa antes de uma visita às obras da CRIL.
O contrato de adjudicação prevê, segundo as comissões de moradores, a antecipação da conclusão da obra em 30 dias, terminando esta em Setembro de 2009 e não em Outubro ou seja um mês antes das próximas eleições legislativas.
Questionado pela agência Lusa sobre esta cláusula de antecipação, o responsável da obra da CRIL, José Luís Calejo, disse desconhecer tal cláusula, sublinhando que a sua conclusão está prevista para Outubro do próximo ano.
Durante uma visita às obras da CRIL, José Luís Faleiro mostrou a construção dos nós de Pedralvas, da Buraca e da Damaia bem como a construção do túnel de Benfica.
O responsável salientou ainda que a Estradas de Portugal está a preservar todo o património existente ao longo do percurso do troço Nó da Buraca-Pontinha - o aqueduto das Águas Livres, o aqueduto das francesas e uma galeria - ao contrário do que alguns moradores .
As comissões de moradores continuam a acusar a Estradas de Portugal de ter violado a Declaração de Impacto Ambiental, um facto que é negado por José Luís Calejo.
Para as comissões de moradores, as obras da CRIL sofrem ainda de "graves indícios de corrupção", segundo uma investigação do jornal Público, que indica que as empresas de ambiente e de arqueologia que estão a assessorar a construtora da obra são propriedade de altos responsáveis da Estradas de Portugal, SA.
Na sequência das notícias do Público, as comissões de moradores pediram a intervenção do Procurador-geral da República.

Lusa

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

ESCONDER AQUILO QUE JÁ NÃO É POSSÍVEL ESCONDER


Queremos uma CRIL SEGURA para 10 milhões de portugueses, e não uma ESTRADA DA MORTE.


As comissões de Moradores de Sta. Cruz de Benfica e da Damaia desde sempre procuraram estar bem informadas sobre o projecto do fecho da CRIL e ter uma perspectiva de desenvolvimento sustentado na óptica do Interesse Público, ao nível da segurança rodoviária, da mobilidade e do ambiente (critérios que deveriam ser privilegiados pelo Estado). E, neste sentido, a nossa participação cívica tem contribuído para algumas melhorias do projecto, mas ainda não conseguimos que alterassem o principal factor de risco que é o seu traçado.


O projecto adjudicado, e já em fase de execução no sublanço Buraca-Pontinha, apresenta graves erros no seu trajecto porque tem demasiadas entradas e saídas, curvas apertadas, lombas acentuadas devassando vários bairros consolidados. Tal provocará inúmeros acidentes e, nas horas de ponta, haverá mais engarrafamentos que na 2ª Circular. Este traçado tem um percurso sinuoso e perigoso quando poderia e deveria ir a direito pelos terrenos livres da Quinta da Falagueira, pertencentes ao Estado, mas onde interesses privados querem construir um mega empreendimento para 40 000 pessoas. Isto é inadmissível!


Está em causa a segurança dos utentes desta via, a mobilidade rodoviária na Área Metropolitana de Lisboa, o ambiente e a forma como são aplicados os dinheiros públicos. Neste sentido já se pronunciaram várias entidades como a OSEC, a ACA-M, a QUERCUS, ...
O governo para privilegiar alguns interesses privados, prejudica a maioria dos cidadãos. Tudo isto é tão grave, que o Governo tem feito todos os esforços para o tentar esconder, chegando ao ponto de manipular imagens e fazer declarações técnicas desprovidas de verdade. Neste momento o Governo está a promover uma campanha de Marketing em grande escala através da comunicação social com custos de muitos milhares de euros para o erário público.


É o desespero para esconder aquilo que já não é possível esconder.


Se esta obra prosseguir, conforme a querem fazer, provavelmente daqui a poucos anos terá que ser toda refeita novamente. Veja no nosso site o exemplo da circular M-30 em Madrid, uma obra de facto para o futuro.


Não bastando isto, notícias recentes (Jornal Público de 6/9/2008 e que pode ver no nosso site), em primeira página denunciam graves indícios de corrupção: “Altos responsáveis das Estradas de Portugal decidem negócios com empresas privadas sob o seu controlo”. Estas empresas, sob suspeita, foram a concurso com a empresa (Bento Pedroso) que ganhou a adjudicação desta obra. Será coincidência?


Se queremos um país melhor, todos temos o dever de participar mais activamente na denúncia do que está mal e procurar melhores soluções no sentido do verdadeiro bem comum.


Uma vez que a informação é o princípio da boa decisão, sugerimos que, se concordar connosco, nos contacte (912 459 923) para nos deixar colocar na sua janela (se for em local de bastante visibilidade) uma placa com o nosso site: http://www.cril-segura.com/.
Participe e ajude-nos a denunciar este escândalo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

SERÁ QUE CONSEGUEM LIMPAR A IMAGEM?


Saíram a público um conjunto de notícias (6 Setembro – Jornal Público / 14 Setembro – Correio da Manhã – Veja posts em baixo) que coloca em causa a credibilidade das Estradas de Portugal(suspeitas de corrupção) e a construção do último troço da Cril tornando-se uma estrada da morte .

Nos dias seguintes as Estradas de Portugal lançavam uma mega operação de publicidade e marketing (Folhetos, anúncios na rádio e outdoors) para limpar a sua imagem e garantir um trabalho sério.

Quanto dinheiro gasta por dia as Estradas de Portugal em publicidade?
Que empresas estão envolvidas nesta campanha de Marketing?
Porque é que a finalização da Obra da Cril teve que ser antecipada 30 dias?
Com a bandeira da Cril hasteada quantos votos pretende José Sócrates ir buscar?
Por um lado o estado não tem dinheiro para fazer o último troço da Cril bem feito e por outro lado anda a gastar aos milhões o dinheiro dos contribuintes. E esta?
Tenho pena do nosso saudoso Fernando Peça não poder dar esta notíca em mão.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

PEDIDO DE INTERVENÇÃO À PGR

Estradas de Portugal inicialmente esconde características da descoberta agora nega a própria descoberta - Património Arqueológico



Na sequência da notícia do Jornal Público de 6 de Setembro de 2008, onde são reveladas eventuais ligações de altos responsáveis da Estradas de Portugal a empresas que fazem estudos na área da arqueologia e ambiente, enviámos um pedido por escrito ao Sr. Procurador Geral da República a solicitar uma investigação.
Tendo em conta o facto das empresas eventualmente envolvidas nesta "tramóia" serem as mesmas que desenvolveram os estudos na área da aqueologia e ambiente para o Bento Pedroso, e terem ido a concurso com esta empresa, que acabou por ser a selecionada entre as nove empresas concorrentes, tendo ficado em sétimo lugar com um valor na ordem de mais de 16 milhões de euros em relação à proposta mais baixa, consideramos pertinente que se investigue se:

1. a adjudicação terá sido "viciada" de forma a favorecer estas empresas eventualmente controladas por altos responsáveis das Estradas de Portugal;

2. a credibilidade dos estudos técnicos desenvolvidos na área da arqueologia e do ambiente, e se estes correspondem ao investimento feito pelo erário público e defendem o Património e Interesse Público;

3. o Património Arqueológico conhecido (Aqueduto das Águas Livres) e recentemente descoberto, está a ser devidamente salvaguadado;


Relativamente à defesa do Património Arqueológico, entregámos hoje dia 15 de Setembro na Procuradoria Geral da República, um pedido a solicitar uma intervenção com carácter de urgência , relativo à galeria recentemente descoberta junto ao Aqueduto das Águas Livres.
A razão deste pedido tem a ver com o facto de o responsável das Estradas de Portugal pela empreitada da CRIL, engº José Luís Faleiro, ter públicamente num debate em directo na Antena 1, no passado dia 11 de Setembro, negado a existência desta descoberta.

Inicialmente as Estradas de Portugal, tentou esconder as verdadeiras características deste Património Arqueológico descoberto (veja post – 21 Junho 2008), agora nega a própria existência da descoberta.
É de referir que os "autores" deste encobrimento, são as mesmas pessoas que estão eventualmente envolvidas nesta relação de "interesses" denunciada pelo Jornal Público.

Passamos a citar a declaração do José Luís Faleiro na Antena 1 quando questionado pela jornalista Teresa Quintela:

Pergunta da jornalista:
"Sr. Engº, é possível que se se chegar à conclusão que este Património Arqueológico encontrado fôr de alguma importância que venha a ver aqui alguma alteração?

Resposta do engº José Luís Faleiro:
"...todo o Património Arqueológico que tem sido encontrado na CRIL estava previsto no seu projecto, e por isso não temos até à data encontrado nada que não fosse previsto, e tudo aquilo que está a ser feito está a ser executado de acordo com o previsto..."

(veja no site www.cril-segura a gravação do debate. As declarações acima mencionadas encontram-se entre o minuto 15:58 e 16:17)

Sabendo que esta obra é de extrema importância para o Sr. Primeiro Ministro em termos eleitorais, tendo inclusivé sido introduzida uma clásula no contrato de adjudicação que pede a antecipação do prazo de obra de 700 para 670 dias, de forma a poder ser utilizada na próxima campanha eleitoral, e o facto da mesma já estar envolvida numa série de irregularidades e atropelos ao Interesse Público, não nos surpreende que qualquer "empecilho" que ponha em causa a data prevista para conclusão da obra (Setembro de 2009), nomeadamemte o nosso Património Arqueológico, possa vir a ser desvalorizado.

Comissão Moradores

Foto: DR

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ESTRADAS DE PORTUGAL INVESTIGADA PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA


Empresa pública está envolvida em suspeitas de corrupção e de participação económica em negócio por parte de altos quadros seus.
A empresa pública Estradas de Portugal, que administra a rede de estradas no país, está a ser investigada pela Polícia Judiciária, por suspeitas de corrupção e de participação económica em negócio por parte de altos quadros seus, noticia ontem (14 Setembro) o jornal "Correio da Manhã".

O processo, que se encontra na Direcção Central de Combate ao Crime Económico, dirigido pelo juiz Moreira da Silva, começou na sequência de uma averiguação preventiva suscitada por informação recolhida que apontava para aquele tipo de ilícitos, explica o jornal.

Os funcionários da empresa, diz a mesma fonte, são "suspeitos de desviar trabalhos nas áreas ambiental e de arqueologia para companhias tuteladas pelos próprios, por familiares ou pessoas próximas". A situação tinha já sido noticiada pelo jornal "Público".
O presidente da Estradas de Portugal, Almerindo Marques, declarou desconhecer qualquer investigação policial, lembrando, no entanto, que está a decorrer um inquérito interno às situações "recentemente denunciadas".
Portugal Digital
Foto: EP

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

CURRUPÇÃO ? ALTOS QUADROS DA ESTRADA DE PORTUGAL SOB SUSPEITA

Altos responsáveis das Estradas de Portugal decidem negócios com empresas privadas sob o seu controlo

Nos últimos anos, a extinta JAE e a actual Estradas de Portugal fizeram negócios com empresas nas quais altos quadros da instituição de capitais exclusivamente públicos tinham interesses directos ou indirectos. Os negócios em causa, que violam a lei e os deveres dos funcionários públicos, passaram pelas áreas do Ambiente e de Arqueologia da Estradas de Portugal e envolveram empresas nas quais quadros com poder de decisão da EP tinham interesses. Como é o caso da Geoarque, empresa que trabalha na área da Arqueologia: tem sede num edifício que é co-propriedade de um chefe de divisão que tem na EP um papel chave na contratação de todos trabalhos nesta área e de um outro quadro que tem procuração para tratar dos seus assuntos, é co-titular das suas contas bancárias e dirige actualmente o processo de integração da Geoarque no grupo Amb e Veritas. A situação é conhecida e comentada nos meios arqueológicos há anos, mas nunca deu origem a queixas das empresas concorrentes por receio de represálias. Confrontada com esta situação pelo PÚBLICO, a administração da EP decidiu avançar com um inquérito interno.
1. A Geoarque, uma firma que faz estudos de arqueologia para a EP, é controlada por altos funcionários desta empresa de capitais públicos.

João Cravinho extinguiu a JAE em 2000 por causa de suspeitas de corrupção, mas os problemas mantêm-se a Uma grande parte dos negócios da área do Ambiente relacionados com a construção de estradas está nas mãos de empresas controladas por altos quadros da Estradas de Portugal (EP), que actuam em violação da lei e das suas obrigações de funcionários públicos. Embora haja indícios de situações mais graves na EP, algumas das quais estão a ser investigadas internamente, este caso ocorre nos seus serviços de Ambiente, onde pelo menos quatro quadros superiores estão, ou estiveram, envolvidos em empresas cuja actividade se centra na produção de estudos ambientais e arqueológicos encomendados por aqueles serviços.A situação é parcialmente conhecida e comentada nos meios arqueológicos há muitos anos, mas nunca deu origem a nenhuma queixa das empresas concorrentes por receio de represálias. A administração da EP, empresa de capitais públicos que herdou as competências da antiga Junta Autónoma de Estradas (JAE), diz que desconhecia estes factos e abriu esta semana um "inquérito completo e detalhado" depois de ter sido questionada pelo PÚBLICO.
Tudo começou em 1992
No início da história está a constituição, em 1992, de uma firma de estudos e projectos ambientais (Trifólio), na qual prestaram serviços dois técnicos da JAE, Ana Cristina Martins, actual directora do Gabinete de Ambiente da EP, e Joaquim da Silva Thó, um engenheiro agrário que também exerceu funções de chefia na EP e estava colocado no seu Gabinete de Ambiente quando deixou a empresa em Abril deste ano.Já em 1996, dois dos sócios-fundadores da Trifólio, que não tinham qualquer ligação directa à JAE, participaram na constituição da Geoar-que, uma empresa que se tornará rapidamente a principal fornecedora de serviços de arqueologia à JAE e de-pois à EP - da mesma forma que a Trifólio assumirá a liderança dos estudos ambientais encomendados por estas entidades.Na Geoarque, os dois fundadores da Trifólio repartem o capital com Ivone Tavares - secretária do director dos serviços do IPPC (actual Igespar) que tutelavam toda a actividade arqueológica no país e então mulher de Carlos Ramos, o único arqueólogo que trabalhava na JAE e hoje é o coordenador do Património Cultural do Gabinete de Ambiente da EP - e com Nuno Rodrigues, filho de Arlete Castanheira, técnica superior da JAE e ainda colega de Carlos Ramos no seu Gabinete de Ambiente.Estes dois quadros da JAE são, desde sempre, quem controla todos os negócios da Geoarque, embora o capital da sociedade seja formalmente detido por um técnico de seguros e por uma mulher sem qualquer ligação à arqueologia, desde que os familiares de Arlete Castanheira e Carlos Ramos, bem como os fundadores da Trifólio (que também abandonaram esta empresa já nesta década), saíram em 2000.Arlete Castanheira e Carlos Ramos - um chefe de divisão que tem na EP um papel-chave na contratação de todos os trabalhos de arqueologia da empresa e dos empreiteiros que ela contrata - são co-proprietários da sede da Geoarque, em Linda-a-Velha, e ambos intervêm directa e quotidianamente na sua gestão.Arlete Castanheira tem procuração para tratar dos seus assuntos, é co-titular das suas contas bancárias e dirige actualmente o processo de integração da Geoarque no grupo Amb e Veritas, que tem entre os seus sócios um antigo presidente da associação ambientalista Quercus, José Manuel Marques, e que controla igualmente uma parte considerável das encomendas de estudos ambientais da EP.Neste contexto, Arlete Castanheira criou já este ano uma nova empresa de arqueologia em que possui a maioria do capital e onde tem como sócia a Amb e Veritas. A sociedade, que adoptou a denominação Geoarque II, partilha a sede com a Geoarque e prossegue o mesmo objecto social. Confrontada com estes factos, a gerência da Amb e Veritas respondeu que foi informada por Arlete Castanheira de que ela se encontrava "em fase terminal de desvinculação" da EP, informação que constituiu um "argumento necessário e fundamental à constituição" da Geoarque II. A empresa alega desconhecer as relações de Carlos Ramos e de Arlete Castanheira com a Geoarque e diz que a ligação de Arlete Castanheira à EP "em nada contribuiu" para a decisão de se associar a ela. "O processo de constituição da Geoarque II visa aproveitar o nome Geoarque no mercado, tendo nós sido informados pela dr.ª Arlete Castanheira que tal sociedade iria cessar a sua actividade", acrescentou a Amb e Veritas, assegurando que "jamais foi favorecida em qualquer tipo de situação".A administração da EP adiantou que Arlete Castanheira se encontra com baixa médica quase ininterrupta desde Setembro de 2006 e que começou a negociar a sua saída da empresa em Fevereiro deste ano, saída que ainda não se concretizou.As suspeitas de promiscuidade entre altos quadros da entidade que tutela a construção de estradas e as empresas a quem adjudica contratos vêm de longe e encheram muitas páginas de jornais há uma década. O problema, no entanto, está longe de ter desaparecido e alguns dos seus afloramentos actuais têm origem em teias de relações criadas no início dos anos 90, antes, portanto, das investigações judiciais, da sindicância e do inquérito parlamentar que abalaram a antiga JAE e conduziram à sua extinção, em 2000, por iniciativa do ex-ministro João Cravinho.O PÚBLICO tentou contactar todas as pessoas e empresas nomeadas, mas, à excepção da gerência da Amb e Veritas e da administração da EP, nenhuma delas se mostrou disponível para falar.
2. Administração tomou medidas preventivas

Almerindo Marques estabeleceu regras mais claras e restritivas para as acumulações de funções a A administração da EP, presidida por Almerindo Marques desde Novembro de 2007, diz que desconhecia os factos aqui relatados, mas garante que está preocupada desde o início com este género de situações.Logo que tomou posse emitiu uma ordem de serviço onde determinou a elaboração de um levantamento de todas as acumulações de funções públicas e privadas dos funcionários, anunciando que ia reformular as regras dessas acumulações. O texto, datado de 27 de Dezembro, sublinha que "a natureza do serviço público a prestar pela EP implica que os processos se desenvolvam com sujeição a critérios de isenção e transparência e que todos os trabalhadores se encontrem 'exclusivamente ao serviço dos interesses da empresa'", conforme dispõem os seus estatutos.Para o inventário de acumulações então anunciado foi determinado que todos os trabalhadores com actividade profissional privada fornecessem a "descrição sucinta dessa actividade, a identificação da entidade a que reporta, o tempo de ocupação que implica e ainda a referência a eventuais anteriores autorizações". Já em Fevereiro deste ano, a administração da empresa aprovou uma outra ordem de serviço com as prometidas regras das acumulações. O novo regulamento proíbe aos funcionários, por ser incompatível, "a prestação de serviços ou de qualquer colaboração a clientes e fornecedores da EP".De igual modo, estabelece que os trabalhadores "não podem possuir, nem directa, nem indirectamente, a qualidade de sócios ou accionistas, nem assumir a gestão de empresas que sejam fornecedoras ou clientes da EP". Paralelamente a esta regulamentação, a empresa reforçou o quadro do seu Gabinete de Auditoria Geral, que passou de oito para 15 elementos. Na mesma altura aprovou um conjunto de orientações que pretendem transformar este gabinete num órgão capaz de "responder em tempo útil" às averiguações ordenadas pela administração e de propor normas em situações que "têm vindo a causar elevados danos à empresa".
3. O domínio da Geoarque na arqueologia é garantido através da filtragem das empresas

O total dos pagamentos feitos à Geoarque pela JAE e pelas entidades que a substituíram ascendeu, desde 1997, a 710.000 euros, de acordo com a administração da EP. Este valor, que corresponde a 19 trabalhos arqueológicos, de norte a sul do país, traduz apenas uma pequena parte da facturação da empresa em serviços ligados à construção de estradas da EP.O montante global dos negócios da Geoarque no sector rodoviário não é conhecido fora da empresa, mas os 19 trabalhos referidos pela EP respeitam exclusivamente a contratos celebrados directamente por ela e pelas suas antecessoras. Significativo do fosso entre estes trabalhos e a actividade real da Geoarque é o facto de esta identificar no seu site 77 "estudos principais" efectuados entre 1996 e 2006 em estradas da EP (num total de 157), não se encontrado sequer entre eles a maior parte dos 19 encomendados pelos serviços onde trabalha Carlos Ramos e Arlete Castanheira. O grosso da actividade da empresa controlada por estes técnicos da EP reside assim no acompanhamento arqueológico da construção de estradas, contratado pelos empreiteiros adjudicatários da EP, e na elaboração da vertente arqueológica dos estudos de impacte ambiental, por conta das empresas a quem ela os adjudica. No caso da construção das estradas, o lugar estratégico ocupado pelo arqueólogo Carlos Ramos na EP e o facto de aquela empresa se reservar, em violação da lei, a última palavra na aceitação das equipas de arqueologia escolhidas pelos empreiteiros, parece ser a principal explicação para a quase exclusividade com que a Geoarque intervém nesse mercado. Legalmente, a autorização para a realização de trabalhos arqueológicos cabe ao Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), sendo requerida directamente pelos arquéologos contratados pelos empreiteiros. De uma "forma singular", reconhece agora a sua administração, a EP estabelece, porém, nos cadernos de encargo das obras, que as equipas de arqueólogos contratadas pelos empreiteiros têm de ser previamente aprovadas pelo seu Gabinete de Ambiente (Carlos Ramos), que depois remete os pedidos de autorização ao Igespar.Quanto à elaboração da parte arqueológica dos estudos de impacte das obras, a EP parece não dispor de um mecanismo de filtragem idêntico, mas o complexo sistema de subcontratação existente entre as empresas do ramo acaba por contribuir para o lugar que a Geoarque aí detém.
4. O caso Trifólio e Amb e Veritas

Representando uma gorda fatia dos negócios gerados pela EP em matéria de ambiente, a elaboração dos estudos de impacte ambiental (EIA) das estradas a construir não parece privilegiar nenhuma empresa em particular, mas as adjudicações directas são lideradas pela Trifólio, uma sociedade que teve entre os seus colaboradores dois técnicos superiores da EP. Ainda que com um lugar mais discreto, a Amb e Veritas, empresa com ligações a uma outra técnica superior da EP, tem vindo a reforçar a sua posição, liderando neste momento as adjudicações, com quatro dos 14 estudos em fase de avaliação.Criada em 1992 por duas pessoas sem formação nesta área, que em 1996 vieram a formar a Geoarque - empresa controlada por dois outros técnicos da EP -, a Trifólio teve uma forte ligação a Ana Cristina Martins, actual directora do Gabinete de Ambiente da EP, e a Joaquim da Silva Thó, um outro quadro do mesmo gabinete (ver texto principal). A colaboração destes técnicos com a Trifólio e outras empresas, nomeadamente a Ecoserviços - em que também trabalhou Ana Martins e tem feito muitos estudos de estradas -, estava autorizada pela EP, mas não foi possível apurar se ainda se mantém. O PÚBLICO tentou esclarecer o envolvimento de ambos com a Trifólio, mas não conseguiu contactá-los. O actual sócio-gerente da empresa, por seu lado, recusou-se a prestar declarações. No caso da Amb e Veritas, a ligação aos técnicos da EP concretizou-se já este ano com a constituição da Geoarque II (ver texto principal).
A acreditar nos dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a EP e antecessores promoveram desde 1995 a realização de 142 EIA, sendo que 22 deles foram da responsabilidade da Trifólio, empresa que apenas fez mais sete estudos do mesmo tipo para outros clientes. As outras empresas que mais trabalharam para a EP foram a Arqpais e a Coba (21 cada uma), a Agroambiente (13), a Ecoserviços (12), a Ecosistema (9) e a Amb e Veritas (8), sendo que esta empresa só entrou no negócio em 2001. Em fase de avaliação encontram-se ainda 14 estudos adjudicados pela EP em 2007 e 2008, sendo 4 da Amb e Veritas, dois da Trifólio, dois da Coba e seis de seis empresas distintas.Estes números, contudo, parece não refectirem toda a realidade, na medida em que a EP, em resposta ao PÚBLICO, enumera um total de 16 contratos com a Trifólio desde 1993, no valor de 502.020 euros, sendo que 12 deles não constam da lista de 22 que lhe são atribuídos pela APA.Já no que respeita à Amb e Veritas, a sua posição entre os fornecedores da EP também não é fácil de determinar. Isto porque a APA lhe credita oito estudos feitos e quatro em execução, enquanto a EP diz que só lhe entregou seis contratos por 234.037 euros. Acresce que destes seis só um é que consta da lista da APA. Além disso, a Amb e Veritas informou por escrito o PÚBLICO de que o total da sua facturação com a EP se ficou por cerca de 53.000 euros, quase um quinto do que diz a EP. A sucessora da JAE identifica, por exemplo, um contrato de 100.749 euros feito com a Amb e Veritas, relativo ao Nó de Arões do IC5. Esta empresa, porém, insiste em que nunca celebrou qualquer contrato relativo a esse nó. Responsáveis de outras empresas que pedem o anonimato garantem que estes números escondem "uma verdadeira teia de subcontratações" que tem assegurado a hegemonia da Trifólio na EP, lugar que estará a perder em favor da Amb e Veritas.
José António Cerejo / Público
Fotos: DR

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ocultação das características da Galeria pegada ao Aqueduto das Águas Livres continua.

Na sequência da denúncia que fizemos pelo facto de nos estarem a esconder / falsear as verdadeiras características desta Galeria recentemente descoberta, solicitámos aos vários Grupos Parlamentares com assento na Assembleia da República que promovessem uma visita ao local. Tivemos por parte do Bloco de Esquerda uma resposta rápida que veio a concretizar-se numa visita feita hoje ao local pela Deputada Helena Pinto .
Nessa visita ao local para além dos deputados do Bloco de Esquerda, estiveram também moradores, que fizeram-se acompanhar por uma equipe especializada de Arqueólogos e Espeleólogos, no sentido de se poder fazer uma pequena avaliação da Galeria. Essa avaliação foi-nos negada. Inclusive, pedimos para fazer uma simples medição com uma fita métrica, para avaliar a que altura se situava a Galeria, o que também nos foi negado.

Por parte dos responsáveis da EP (Estradas de Portugal), fiscalização da obra e coordenador da empreitada, o que nos foi dito é que esta Galeria agora descoberta, tem ligação com uma outra estrutura já conhecida do outro lado da Mãe de Água, que liga ao Chafariz da Buraca. Como já tinha sido decidido demolir esta estrutura que liga ao Chafariz da Buraca, esta nova Galeria descoberta, pelo facto de relacionar-se com a estrutura conhecida, será também demolida. Foi-nos referido que já existe essa permissão por parte do IGESPAR.

Perante estas declarações dos responsáveis do EP, e o facto de à menos de uma semana o IGESPAR não conhecer as verdadeiras características da Galeria, desconhecendo o sistema hidráulico que é revelado nas fotografias. Aliás o responsável do IGESPAR, Dr. José Correia só teve conhecimento da existência deste sistema Hidráulico através das fotografias, que nós moradores, lhe fornecemos numa reunião que tivemos com ele, no passado dia 17 de Julho, no IGESPAR. Admira-nos que em tão pouco tempo já tenha sido tomada a decisão da destruição desta Galeria.

Não bastando a informação distorcida que nos tinha sido dada na reunião que tivemos no passado dia 10 de Julho com estes responsáveis do EP, hoje também não se coibiram de fazer mais uma afirmação que não corresponde à realidade e que inclusive foi presenciada por uma jornalista do Jornal de Notícias que acompanhou esta visita:

Quando questionámos a razão pela qual teria sido construída uma Galeria com uma extensão de perto 50 metros, onde é possível uma pessoa andar em pé no seu interior, a resposta foi de que esta Galeria seria para captar água por infiltração, que depois era conduzida para a tal conduta (foto nº ). Questionámos se nessa conduta haveria alguma captação de água, foi nos dito que não. Esta afirmação é falsa, comprovada logo no momento através de uma fotografia desta conduta que revela exactamente o contrário (foto nº 9).
Percebemos que mais esta mentira tinha como objectivo justificar a existência desta Galeria de 50 metros. Dando a entender que era esta galeria que captava a água para a conduta. O que provámos com a foto é que não é verdade, pois a captação de água é feita dentro da própria conduta.

Na realidade, esta Galeria agora descoberta levanta várias questões do ponto de vista Arqueológico e Histórico que era importante esclarecer, e que deveriam ser objecto de um estudo aprofundado, tais como:
1. qual a sua cronologia de construção e a relação com o Aqueduto das Águas Livres?
2. esta Galeria com perto de 50 metros, onde é possível uma pessoa andar em pé no seu interior, foi feita com que objectivo? A parede avermelhada, e o facto de existir folga de alguns centímetros entre a parede e a Galeria, poderá esconder uma passagem que foi tamponada utilizando lama tipo vulcânica (côr avermelhada)? (foto nº 5,6)
3. a parte mais escura (acastanhado) que se situa na parte inferior da parede escavada do aqueduto e que é visível junto ao chão desta Galeria, não será uma conduta existente antes da construção de Aqueduto (foto nº 13 )? Não será provavelmente, caso exista esta conduta, aquela que "alimenta" através de um sistema fissurado a conduta activa desta Galeria agora descoberta?

Obviamente, existirão muitas mais outras interrogações relativas a esta descoberta que também deveriam ser esclarecidas.

Aquilo que sabemos, e que não temos qualquer dúvida é que houve uma tentativa de esconder as verdadeiras características desta descoberta. Quando se mente é certamente para esconder qualquer coisa.

O Aqueduto enquanto monumento classificado, não é só as arcarias que vencem o Vale de Alcântara, a Mãe de Água das Amoreiras, é sim complexo hidráulico que deve ser entendido, estudado e preservado no seu todo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

GOVERNO E ESTRADAS DE PORTUGAL OCULTAM GALERIA DE VALOR PATRIMONIAL

Nas escavações das obras da CRIL junto ao Aqueduto das Águas Livres
é descoberta galeria de valor Patrimonial.

Governo esconde dos Cidadãos e do técnico do IGESPAR
as verdadeiras características desta descoberta.










Exmos. Senhores Deputados,
Passamos a descrever os acontecimentos relativos a mais um procedimento reprovável a acrescentar a outros neste processo da CRIL:

Início mês de Junho
Chega-nos informações de que no decorrer das obras da CRIL, quando estavam a ser feitas escavações junto à parede do Aqueduto das Águas Livres na zona da Buraca, é descoberta uma Galeria "pegada" ao Aqueduto, com cerca de 50 metros, até à data desconhecida. Esta galeria situa-se a uma cota mais baixa que o Aqueduto das Águas Livres.
A máquina escavadora abriu um buraco sensívelmente a meio desta galeria, tendo ficado uma abertura para cada um dos lados.

23 de Junho de 2008
É nos fornecida informação relativa à Galeria, que nos permite perceber tratar-se de um elemento com valor Patrimonial e com aspectos merecedores de averiguação em termos arquéológicos e mesmo do ponto de vista histórico.
Descrição da Galeria:
Tem perto de 1.90m de altura e 60cm de largura, termina do lado poente numa parede vermelha aparentemente de lama vulcânica, e do lado nascente numa parede antiga (confirmada essa antiguidade pela formação química calcária que a recobre) onde na parte inferior existe uma estrutura hidrálica em pedra com perto de 50cm quadrados, em actividade, onde é captada água através de fissuras.

24 de Junho de 2008
Na sequência destes dados e de várias informações que chegaram à Comissão de Moradores do eventual aparecimento de estruturas de valor Patrimonial que podiam estar a ser negligenciadas, enviámos cartas à C. M. de Lisboa; C. M. da Amadora, Igespar e EP, no sentido de fazerem um fiscalização da obra.
Na carta dirigida ao EP, solicitámos uma reunião e um visita à obra de forma a podermos verificar como estava a ser preservado o Património Arqueológico presente no local.

10 de Julho de 2008 - Reunião no estaleiro da obra
Nesta reunião estiveram presentes:
Dr. Carlos Ramos - responsável do EP da área da Arqueologia
Arqueóloga Suzana Santos - responsável pela fiscalização na área da Arqueologia
Dr. José Correia - IGESPAR - comissão acompanhamento da obra.
Engº Pedro Carmona - EP - coordenador da empreitada da CRIL
- grupo de Arqueólogos...

- Comissão de moradores, acompanhada com a presença do Arquitecto Filipe Lopes da ORPRUB.
Nesta reunião, por razões óbvias, não revelámos o conhecimento que tinhamos relativamente à Galeria que tinha sido descoberta e às características da mesma.
Questionámos os vários responsáveis presentes na reunião, o que estava a ser feito em relação à preservação do Património, e se tinha sido entretanto encontrado algo de novo.

Em resposta às nossas questões, foi-nos transmitido pelo Dr. Carlos Ramos e pela Arqueóloga Suzana Santos que tinham efectivamente, na altura das escavações, encontrado uma galeria pegada ao Aqueduto das Águas Livres que desconheciam, mas que não tinha grande valor Patrimonial, tratando-se de uma estrutura sem qualquer ligação ao Aqueduto das Águas Livres e sem qualquer actividade.
A descrição que nos fizeram desta estrutura foi a seguinte:
Uma galeria com cerca de 50 metros, em que do lado poente termina numa parede de rocha e do lado nascente numa parede selada presumivelmente construída nos anos 60. Foi-nos referido também que esta parede dava à Mãe de Água.

Na mesma reunião disseram-nos que podíamos ficar descansados quanto à possibilidade de existir naquela zona qualquer valor Patrimonial, pois tinham acabado as sondagens precisamente no dia anterior (9 de Julho), e nada fora detectado.
A seguir à reunião fizemos uma visita ao local, mas por "questões de segurança" não nos foi permitido chegar perto da Galeria.

Após esta ocultação e descrição falsa das características da Galeria, sem revelar o que conhecíamos, fizemos um contacto telefónico posteriormente (dia 16 de Julho) com o responsável do EP, Dr. Carlos Ramos, que tinha ficado de nos enviar algumas fotos da Galeria, e que disse agora não era possível, talvez dentro de duas semanas.
Dado o facto de não termos as ditas fotos, e no sentido de fazermos uma comunicação aos moradores a tranquilizá-los quanto à preservação do Património, pedi ao Dr. Carlos Ramos, para me fazer novamente uma descrição da dita Galeria. A descrição que fez correspondeu mais uma vez à que nos tinha sido dada na reunião.

Perante a gravidade da situação, e o facto de possivelmente o responsável do IGESPAR, Dr. José Correia, também lhe estar a ser ocultada / falseada informação, solicitámos uma reunião no IGESPAR com este responsável, que se efectuou no dia 17 de Julho, no sentido de despistar esta hipótese.
Nessa reunião, e antes de revelarmos as provas que possuíamos, pedimos uma vez mais uma descrição da Galeria. O Dr. José Correia, fez a mesma descrição que tinha sido dada na reunião de 10 de Julho.
De seguida, mostrámos as fotos das características verdadeiras da Galeria que comprovam a ocultação / falsidade da descrição que nos foi dada da Galeria.
O Dr. José Correia do IGESPAR, comprovou desconhecer por completo as verdadeiras características da Galeria, e mostrou-se preocupado pelo facto de lhe estarem a ocultar esta informação.

Não bastando o facto deste projecto violar a Declaração de Impacte Ambiental, a obra estar a avançar a toda a força no terreno sem ainda existir projecto de execução aprovado, agora, passa-se por cima do Património, e desvaloriza-se mais um Instituto do próprio Estado, o IGESPAR.

Após contactos vários que fizemos com Arqueólogos, foi-nos referida a importância desta Galeria, e da sua avaliação, tanto no sentido do seu valor Arquitectónico, assim como do ponto de vista Histórico.
Aliás esta galeria pelas suas características coloca várias questões que devem ser esclarecidas, o que está a suscitar a curiosidade deste grupo de técnicos.

Tendo em conta o facto de se ter tentado esconder as características desta Galeria, exige-se que os Srs. Deputados promovam todos os esforços no sentido de que seja feita uma avaliação exaustiva do seu valor.

Temos um grupo de técnicos (Arqueólogos, Geólogos, Espeleólogos...) disponíveis e com interesse nesta pesquisa.
Aguardamos o vosso contacto e uma resposta às nossas preocupações.

Jorge Alves
Comissão de Moradores

quarta-feira, 16 de julho de 2008

ESTRADAS PERIGOSAS


O Observatório de Segurança de Estradas e Cidades alerta: o novo troço da CRIL Buraca-Pontinha não preenche um único critério de segurança. Um cenário que se repete de norte a sul do país.

O troço da CRIL entre a Buraca e a Pontinha, numa extensão de 4,5 quilómetros, não obedece a qualquer critério de segurança. O alerta é do Observatório de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC), que defende o cancelamento da obra, em fase inicial, para que o projecto seja refeito. São múltiplos os problemas detectados: “Os ramais de saída têm 90 metros de área de visibilidade, quando deveriam ter 360 metros. Por outro lado, a redução forçada de velocidade nas entradas faz com que o condutor passe dos 110 km/h repentinamente para os 50 a 65, potenciando acidentes, pelo que a colocação de radares não é suficiente”, denuncia Nuno Salpico, juiz e presidente do OSEC.
Estes são, contudo, problemas transversais a grande parte das estradas portuguesas, detectados pelo OSEC em anos de inspecções: “As Estradas Nacionais são uma desgraça, como é o caso da EN10, entre Setúbal e Coina ou a EN262, que só são seguras até aos 40 km/h”, diz.
Já as vias rápidas pecam pela deficiente sinalização, curvas apertadas e saídas sem o raio de visibilidade adequado. E, consoante a região onde se encontram, podem apresentar uma acentuada inclinação do lanço, por via de uma subida ou descida.
“Mesmo as auto-estradas, que têm níveis de segurança mais elevado, apresentam um problema comum. Já inspeccionámos a A1, A2, A23 e A26, vimos troços aceitáveis, mas sofrem do problema da hidroplanagem. Com pouca chuva, forma-se uma linha de água, os pneus perdem a aderência ao pavimento e as curvas tornam-se extremamente perigosas”, conta Nuno Salpico.
No decurso destas inspecções, o OSEC já apresentou várias participações criminais, por considerar que “se está a brincar com a vida humana”. A maioria destes processos ainda está a decorrer nos tribunais.


Jornal Metro
Foto OSEC

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A CRIL DO EMBUSTE E A FORÇA DA CIDADANIA

O projecto adjudicado para a conclusão da CRIL é um bom exemplo da impotência do governo perante pequenas elites minoritárias, que detêm o poder económico, cuja influência se sobrepõe ao próprio poder do Estado.

O governo, para salvaguardar interesses privados, propõe-se fazer uma estrada aos esses, com três curvas perigosas, “em cima” das populações, comprometendo de forma irreversível a eficiência e a segurança rodoviária, assim como a qualidade de vida de dezenas de milhares de moradores.

Tudo isto é tão mais grave, tendo em conta que existem terrenos livres (grande parte do Estado) para fazer a estrada a direito. O problema é que para esses terrenos livres está projectada uma urbanização (Falagueira / Venda-Nova) com uma dimensão maior que a cidade de Bragança. Assim, e com o dinheiro dos contribuintes, transforma-se uma obra de Interesse Público numa “estrada de serventia” para valorizar futuros empreendimentos imobiliários.

Perante este poder autocrático que está acima da lei, e o avanço das máquinas para iniciarem demolições de casas no Bairro de Santa Cruz de Benfica, nós moradores conscientes da importância do nosso dever de intervenção cívica, decidimos não ficar de braços cruzados. Por volta das 9 horas, do passado dia 30, assim que a máquina começou a avançar, subimos ao telhado e, em acto simbólico colocámos uma Bandeira Nacional na chaminé da casa e cantámos o Hino Nacional juntamente com a população que estava no local. A máquina parou. A Bandeira e o Hino pretenderam, simbolicamente, responsabilizar todos aqueles que juraram lealdade ao país e à Constituição, e que não estão a cumprir o juramento.

No sentido de impedir este acto ilegal, chamámos a Polícia Municipal de Lisboa que, pouco tempo depois chegou ao local, parecendo não saber o que fazer. Por volta das onze horas, chegou ao local José Luis Faleiro, coordenador da obra a cargo da Estradas de Portugal, que se recusou falar com os moradores. Passado pouco tempo, dirigiu-se à polícia, apontando na nossa direcção. De seguida, este senhor passou por nós, com ar ameaçador, dirigindo-se para o local onde estava a máquina, dando ordens para a mesma avançar com a demolição do anexo que estava ligado à casa em que nos encontrávamos. Para nossa surpresa, e perante a passividade da Polícia Municipal, a demolição recomeçou de imediato, destruindo por completo o anexo.

Durante este período, sentimos que a qualquer momento poderíamos ser atingidos por alguns dos destroços que por vezes saltavam, e receámos que o telhado abatesse, visto este ter mais de 50 anos, e algumas das telhas terem estalado, e saltado com a vibração. Após o anexo, ter sido demolido por completo, a máquina parou. Não sabemos se por desobediência do homem da máquina, ou por compaixão de José Luis Faleiro! Perante esta “cena tipo faixa de Gaza”, decidimos só sair do telhado, após a chegada da nossa advogada, o que demorou cerca de duas horas, para que esta pudesse tomar a devida nota de todo este acto ilegal e irresponsável .

Assim que saímos do telhado, a máquina avançou de imediato com a demolição da casa, não se preocupando com a Bandeira Nacional que tínhamos deixado hasteada no telhado. Só após um morador ter-se indignado e alertado, a máquina parou e alguém da obra foi retirar a bandeira. Perante tudo isto, e a passividade do Presidente da República, e para que a nossa Democracia não fique mais moribunda, é nosso dever e obrigação, denunciar todos aqueles que estão de alguma forma a comprometer o nosso presente e o futuro dos vindouros.
Só com a nossa participação cívica activa podemos aspirar a um futuro melhor.


Jorge Alves / Jornal Conversas de Café
www.conversasdecafe.pt
Fotos: João Cláudio Fernandes

terça-feira, 1 de julho de 2008

“CRIL sim, assim não”

Moradores concentrados no bairro de Santa Cruz








Comissões de moradores voltaram a manifestar-se ontem contra o projecto de conclusão do último troço da CRIL. Dezenas de moradores do bairro de Santa Cruz, Lisboa, que contestam o traçado do último troço da CRIL, concentraram-se ontem de manhã, em protesto, junto a uma moradia que tinha demolição marcada para permitir a continuação das obras. A casa acabou mesmo por ir abaixo, mas os moradores garantem que a manifestação impediu a demolição total de uma segunda moradia. “Apercebemo-nos de que ia haver demolições e subimos ao telhado da moradia”, disse ao METRO Jorge Alves, da comissão de moradores de Santa Cruz. “As demolições foram feitas sem avisar os moradores e sem indicações no local”, acrescentou.
Concentrados em frente à casa, situada na Rua Comandante Augusto Cardoso, os manifestantes envergaram t-shirts onde se podia ler “CRIL sim, assim não” e gritaram “assassinos”, argumentando que o traçado da estrada será perigoso e poderá causar mortes. Segundo Jorge Alves, as comissões de moradores de Santa Cruz e da Damaia estão a preparar uma lista com os nomes dos signatários do actual projecto da CRIL, responsabilizando-os por qualquer acidente que venha a acontecer na estrada. “O traçado é uma nódoa. Viola a Declaração de Impacte Ambiental, todos os partidos da Assembleia da República, à excepção do do Governo [PS], nos dão razão, e não há projecto de execução. É um projecto rodoviário criminoso”, acusou. Fátima Cardina, da comissão de moradores da Damaia, afirmou também que não existem autorizações para a demolição no local e que, como tal, a demolição não está autorizada. “Não há um cartaz informativo, não há nada que se possa identificar. Estamos perante uma demolição e não existe nenhuma informação de que ele vá ocorrer”, disse.
José Luís Faleiro, coordenador da empreitada do IC17/CRIL, a cargo da Estradas de Portugal, desmentiu esta informação, indicando que existe autorização para a demolição. Francisco Salpico, engenheiro civil responsável pelo estudo do Observatório de Segurança das Estradas e Cidades (OSEC), salientou que “o projecto de execução é profundamente defeituoso porque não respeita nenhum critério de segurança” e afirmou que “não é possível garantir a segurança rodoviária com este traçado, que vai ser a causa de muita sinistralidade”.

Metro / Lusa
Fotos: João Cláudio Fernandes

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Obras em execução revoltam moradores










Os moradores do Bairro de Santa Cruz, em Lisboa, estão «surpreendidos» com a inexistência de qualquer posição tomada pelo Presidente da República perante a «ilegalidade» do projecto da CRIL, afirmou hoje fonte da comissão de moradores do bairro.

Segundo Jorge Alves, os moradores do Bairro de Santa Cruz estão revoltados perante a continuidade das obras «ilegais» do projecto para a construção do último troço da CRIL, entre a Pontinha e a Buraca, adjudicada em Novembro de 2007, pelo Governo, à empresa Bento Pedroso Construções, SA.
De acordo com o representante da comissão de moradores do bairro, «o empreiteiro Bento Pedroso avança a toda a força com a obra no terreno sem ter um projecto de execução».
«Surpreende-nos que o Sr. Presidente da República nada tenha feito até ao momento perante a ilegalidade de todo este processo da CRIL, cujo projecto viola a Declaração de Impacte Ambiental, já assumido pelo próprio ministro do Ambiente», afirmou Jorge Alves.
«O Governo pretende criar o 'facto consumado' e, assim, fugir a toda a responsabilidade em que incorre neste processo da CRIL, com total impunidade por parte do poder judicial e das várias entidades responsáveis», declarou.
«Trata-se de repor a legalidade e salvaguardar os direitos dos cidadãos», afirmou o representante.A petição que defende uma CRIL Segura, lançada na passada semana pela comissão de moradores, «demonstra bem a insatisfação total da população», contando já com mais de 4.000 assinaturas, estando a entrega prevista na Assembleia da República na próxima semana.

Nesta petição, que pode ser subscrita através do site www.cril-segura.com ou em papel, está em causa o projecto adjudicado pelo Governo para a conclusão da CRIL, troço Nó da Buraca - Pontinha, que não respeita a Declaração de Impacte Ambiental, nem as recomendações técnicas existentes para este tipo de vias, pondo em causa o Ambiente, a eficiência e segurança rodoviária.
«Começamos a ponderar se será necessário avançar com acções fora da legalidade», pois deste modo «agiremos de igual para igual», afirmou Jorge Alves, referindo-se ao avanço das obras no terreno sem legalidade e contra o interesse público.
«Talvez seja a única coisa que nos resta e talvez assim se consiga resolver a situação», concluiu.

Lusa/SOL
Fotos: JCF